Minha contribuição à reflexão proposta por Stella Souzz, no texto Seus Deuses, Seus Políticos e Sua Idolatria, aqui no Substack:
Antes de tudo, quero que você esqueça partidos.
Desculpe-me, mas não é possível debater política ignorando partidos. É por meio da organização de pessoas com pensamentos políticos semelhantes ou próximos em associações chamadas partidos que se exerce a política. Nenhum debate sobre política tem chance de ser conduzido à luz pelo caminho enganoso do preconceito. Lembra o lema das fatídicas jornadas de junho: “sem bandeira, sem partido!” (tratei do assunto nesta crônica de agosto de 2013). O sem-partidarismo nos trouxe ao bolsonarismo.
Esquerda ou direita? Lula ou Bolsonaro? Mas será que política se resume a essa dicotomia?
Sim e não. Sim, a política, de uma forma bem simplista, se resume a esquerda ou direita, e assim é desde a revolução francesa, quando surgiram tais designações, mas já vinha desde sempre dividida entre os que detêm poderes (econômico, político, social) e os que não os detêm.
Não, quando se tenta promover uma insana comparação entre Lula e Bolsonaro. Lula é típico agente da política. Bolsonaro é uma anomalia, uma defecção, uma doença que precisa ser extirpada do organismo político, antes que o deteriore de vez. A Lula, pode-se contrapor Michel Temer, Geraldo Alckmin, hoje seu vice, José Serra, Fernando Henrique, Itamar Franco, José Sarney. Bolsonaro jamais!
A idolatria na política brasileira.
É ledo engano tratar admiração a um político, a um partido, ou mesmo a filiação a uma determinada corrente ideológica, à idolatria ou ao seu irmão gêmeo, o fanatismo. Lula, por exemplo. É uma figura admirável, por sua trajetória, por sua disposição em lutar em favor dos desassistidos do país, por sua fé na Democracia, pelo que efetivamente entregou como presidente. Confundir admiração a Lula com idolatria é fazer pouco da inteligência dos que são capazes de medir e sopesar dados e resultados concretos. Falei da idolatria e de seu reverso, a odiolatria, neste artigo de 2012.
(…) enquanto um professor ou médico dificilmente recebe reconhecimento pelo que faz, um político é tratado como salvador, messias ou até mesmo deus. E assim, a idolatria se disfarça de lealdade.
Um professor, um médico, um advogado, um jogador de futebol recebem reconhecimento no seu microcosmo, que decerto terá maior ou menor amplitude conforme as circunstâncias que dizem respeito a cada um, individualmente ou no âmbito da respectiva coletividade. Um político, pela própria dimensão de suas responsabilidades, tem necessariamente um arco de reconhecimentos bem mais abrangente. A comparação é como cotejar laranja com pedregulho.
Dispense os aplausos! Porque a verdade é essa: ele só faz o mínimo. E isso é sua obrigação. Você não precisa beijar os pés de nenhum parlamentar por cumprir seu dever, afinal, ele foi eleito para isso.
“O mínimo” que Lula fez foi o que trinta e quatro presidentes anteriores a ele, mais João VI e os Pedros I e II, jamais fizeram. Reduzir escolhas estruturais e estruturantes, como dar atendimento prioritário aos miseráveis para matar-lhes a fome histórica — uma necessidade premente e constante, eis que a fome que hoje se mata amanhã se renovará —, sim, é obrigação mínima, mas ter disposição política para enfrentar esse mínimo é o que diferencia o atual presidente dos seus predecessores. E de seus sucessores, Temer e Bolsonaro, que tudo fizeram para que o país retornasse ao mapa da fome da ONU.
A guerra dos bonés. Enquanto a população enfrenta condições precárias há décadas, os grandes parlamentares — tanto da direita quanto da esquerda — travam uma guerra
Aí a questão, como numa briga de colegiais, é detectar quem começou. Quem começou foi a quinta-série do Congresso Nacional, a petizada da extrema-direita, que se expandiu por governadores como Tarcísio e Zema, que andaram aparecendo em público com bonés que expunham a malfadada sigla “MAGA” (deveria ser “MAGOA”, “make America great once again”). Tratei do episódio nesta crônica recente. O ministro Alexandre Padilha teve uma ideia singela, um boné em contraposição que reforçasse o verdadeiro patriotismo do brasileiro. Um episódio menor na guerra comunicacional, apenas isso. Nada que justifique trazer o caso como uma preocupante questão de estado ou de relevância política.
Parlamentares existem, sobretudo na esquerda, assim como o próprio governo, este com seus programas de inclusão social (a maioria desmontada nos governos Temer e Bolsonaro), que se esforçam em combater as tais condições precárias, que não são de décadas, mas existentes desde sempre no Brasil. Essa luta chama-se inclusão social e só ganhou relevância, visibilidade e eficácia por parte do governo federal mais de quinhentos anos depois do descobrimento.
Trabalhamos duro para bancar um país onde os impostos, em vez de retornarem em serviços básicos de qualidade, alimentam privilégios e enriquecem poucos. O dinheiro que deveria ser investido em saúde, educação e segurança vira moeda de troca em esquemas de corrupção, como se fosse um recurso infinito.
Visão financista da relação entre cidadão e Estado: eu pago, eu quero resultados; se não os vejo, melhor não pagar impostos. Bolsonaro, enquanto esteve na presidência, repetiu isso à exaustão e chegou a dar exemplos pessoais nesse sentido várias vezes.
O dinheiro é, sim, investido em saúde, educação e segurança. Como é que o Estado brasileiro — União, estados e municípios — banca o poço inevitavelmente sem fundo do SUS, as gigantescas redes públicas de ensino e as forças de segurança pública senão por meio dos impostos que pagamos?
Quem não frequenta posto de saúde público não vê o que ali se emprega; quem não vivencia a escola pública, idem; quem não enxerga as ações, para o bem e para o mal, das forças de segurança pública, tampouco.
Os esquemas de corrupção têm de ser analisados com sobriedade. Quem fez do dinheiro público que pagamos na forma de impostos a moeda de troca da corrupção, no cenário mais recente, foi Artur Lira, foi Eduardo Cunha, foi Valdemar da Costa Neto, que encontraram no orçamento secreto um mecanismo para enredar e conviver com Bolsonaro e deixaram essa desgraça como legado ao governo Lula. E o que vemos hoje é um presidente tentando se desvencilhar dessa armadilha, felizmente podendo contar com o auxílio luxuoso do STF, na pessoa do ministro Flávio Dino, não por acaso alçado à Suprema Corte pelas mãos do próprio Lula.
Sim, a lava jato existiu. Nesse ponto da caminhada, você já deve ter seus pensamentos já apontados sobre mim.
Sim. Lamentavelmente, a Lava Jato existiu. Formou-se pelo ajuntamento de alguns procuradores da República e um juiz federal que tinham em mente não combater a corrupção, mas desancar o partido e as lideranças que governavam o país e, de quebra, locupletar-se pelo recebimento de devoluções de recursos que deveriam ter sido destinados inteiramente aos cofres da Petrobras, mas viraram moeda de troca para esses servidores públicos de elevada graduação, corruptos que jamais foram capazes de esconder suas reais intenções, inclusive e sobretudo as de natureza política.
Acreditou quem quis. Eu, desde o início das operações, vim denunciando incansavelmente, como nesta e nesta crônicas de 2019. Devo ter sido um dos primeiros a chamar de OrCrim da Lava Jato a organização criminosa que de fato se formou em torno da designada república de Curitiba, que, embora autodeclarada república, produziu e se orientou por uma legislação própria nada republicana, um bando que, a par de perseguir adversários políticos, encontrou também meios de promover seu enriquecimento pessoal pela via de muito bem remuneradas palestras que realizavam a grandes empresas, em que expunham como animais exóticos num circo de horrores os réus dos processos em que atuavam.
E ainda teve o episódio do pagamento de generoso acordo celebrado pelo governo Temer com os tais investidores estadunidenses, em processo judicial que corria em terras ianques, em que 2,5 bilhões de reais retornariam a uma insidiosa fundação comandada por esposas dos próprios procuradores.
Bem, nem preciso me aprofundar. Basta ver as atitudes de personagens como Deltan Dallagnol e Sérgio Moro, o que fizeram logo que deram por concluída a obra, e onde se encontram neste momento. Falo disso nesta crônica de 2021.
A Lava Jato existiu e, mais do que fonte de projeção política e enriquecimento pessoal de seus idealizadores, foi responsável pela derruição do estado democrático de direito no Brasil.
A Lava Jato foi a maior operação anticorrupção da história do Brasil, iniciada em 2014.
Mas não mesmo! Desde o início, foi uma operação que partiu de uma verdade perene e incontestável, de que há corrupção no país, assim como em qualquer parte do mundo, e, portanto, raciocinaram os nada inocentes procuradores e o juiz que os comandava, “deve haver corrupção na Petrobras” e, por extensão, não será difícil pegar a presidenta e o ex-presidente, que, por serem políticos — e aqui creram em seus próprios preconceitos — “devem ser todos corruptos”.
“Vai ser fácil”, imaginaram. E quebraram a cara. Deram de frente com pelo menos duas rochas de honestidade, os cidadãos Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Vana Rousseff. E deu no que deu. Sobre Lula, tratei nesta crônica. Quem quiser me desmentir que me aponte fatos concretos, valores, provas. Lula e todos os que o cercam tiveram revirada sua vida ao avesso e nada irregular foi encontrado, nem um mísero centavo ilícito em contas no Brasil ou no exterior, ou em aplicações, ou em forma de joias, quadros, imóveis ou quaisquer bens valiosos.
A operação levou à prisão dezenas de empresários e políticos, incluindo ex-presidentes, e expôs como o dinheiro público era drenado para alimentar campanhas, favores e enriquecimento ilícito
Outro engano. Sim, a operação levou à prisão dezenas de empresários e políticos, mas o único ex-presidente foi encarcerado à custa de uma farsa malmente montada, denunciada desde o início por incontáveis juristas de respeito (eu mesmo, embora modesto advogado que hoje conta 37 anos de profissão, vim denunciando-a desde 2014, contando aos que pude alcançar que o juiz era incompetente, que agia com parcialidade, que o que se apontava como crime não se sustentava à luz da legislação penal),
Não bastassem as evidências expostas à luz do dia, a operação Spoofing revelou tudo o que se tramava no subterrâneo dos esgotos das redes sociais, com direito a manifestações de ódio e preconceito do juiz, dos procuradores e até de dóceis e belas procuradoras da República. E, ao fim e ao cabo, confundiu-se, propositalmente, o que era caixa-dois, um crime eleitoral, sem dúvida, praticado pelos responsáveis pela arrecadação de recursos para campanhas eleitorais dos mais diversos partidos, da esquerda à direita, com corrupção, que era para manchar a honra de determinadas lideranças políticas. Basta lembrar que as mesmas doações feitas ao PSDB eram tratadas como caixa-dois, enquanto qualquer suspeita de doação ao PT já era proclamada como corrupção. Tratei de caixa-dois nesta crônica de 2006 e nesta de 2015.
Lula x Bolsonaro, Duas faces da mesma moeda
Mas nem de longe. Eu lamento pela estreiteza da visão de qualquer um que se permita expor-se à vergonha de fazer tal comparação. Como disse acima, Lula encarna, de fato, a luta contra a fome, contra a miséria, em favor da justiça social. Bolsonaro representa o quê?
Meu maior erro de avaliação política foi ter dito, nesta crônica de 2018, que Bolsonaro era o mito da bolha, uma bolha que, supunha eu, inflaria e explodiria. Errei, reconheço. Mas, no fundo, no fundo, a bolha apenas se cristalizou porque representou e continua representando o ódio de classe nutrido por parte da sociedade brasileira aos mais pobres, inclusive entre desavisados iguais da mesma classe, os que Jessé Souza denominou pobres de direita.
Afora representar esse ódio, o que não é propriamente uma categorização política, por evidente, que mais ele representa? Nem dá sequer para dizer que ele represente o neoliberalismo, embora os neoliberais o tenham como um nada inocente instrumento útil.
Lula (2003-2010, 2023-presente). (…) seu governo foi marcado por um modelo de crescimento baseado no consumo e crédito fácil, sem planejamento sustentável. E o pior: corrupção institucionalizada.
Repetição do que insiste em dizer a mídia velha que representa o poder econômico do país. Que raios significa corrupção institucionalizada? O tal mensalão, palavra impactante nascida na boca purulenta de Roberto Jéfferson, que hoje se vê apodrecendo na cadeia? Mensalão, como tal, como pagamento mensal de propina para parlamentares votarem a favor de propostas do governo, nunca existiu. Considerando que só meia dúzia de deputados foram condenados pela Justiça — o próprio Roberto Jefferson (PTB-RJ), Valdemar da Costa Neto (PL), José Janene (PP-PR), Bispo Rodrigues (PR-RJ), Pedro Henry (PP-MT) e Romeu Queiroz (PTB-MG) —, como poderia o governo federal fazer aprovar projetos de lei e emendas à Constituição, sobretudo impopulares como a reforma da Previdência, corrompendo meia dúzia de deputados, literal e numericamente, quando são necessários 308 votos de deputados (3/5) para aprovação de uma emenda qualquer?
E por que diabos não se investigou nenhum membro do Senado Federal, onde as exigências de quorum para aprovação de projetos de lei e emendas são exatamente as mesmas?
Eis aí uma matemática que não fecha e só se explica pelo desejo de macular um governo federal que soube, com as ferramentas disponíveis e próprias da negociação política, fazer-se impor, de maneira democrática, no parlamento.
Institucionalizada, então, não teria sido a corrupção que garantiu a reeleição de Fernando Henrique Cardoso? Deixaria de ser corrupção institucionalizada a que se praticava na Petrobras, durante o mesmo governo tucano, que levou à morte o jornalista Paulo Francis, que denunciou o esquema e foi processado nos Estados Unidos pelo presidente da companhia à época, o que o levou ao infarto que o vitimou? Por sinal, a mesma corrupção, o mesmo esquema que caracterizou a relação entre empreiteiras e os governos militares.
A corrupção é, de fato, uma instituição, no Brasil e no mundo. Atravessa governos e resiste aos mais eficazes sistemas de investigação e punição. O que Lula e Dilma institucionalizaram, isto sim, foi uma inédita luta contra a corrupção, com a instituição da Controladoria Geral da União, com a instituição da escolha do Procurador Geral da República pelos próprios procuradores, com a instituição de políticas e recursos de empoderamento da Polícia Federal e de respeito ao Judiciário. Medidas e instituições que, por triste, porém, compreensível ironia, voltaram-se contra ambos os presidentes, seu partido e aliados.
Mensalão, Petrolão e a Lava Jato mostraram um governo profundamente envolvido em esquemas de desvio de dinheiro público.
É mesmo? Quais os resultados concretos da dita operação? O que foi o petrolão, senão a continuidade de esquemas históricos de corrupção destinados ao enriquecimento pessoal de diretores corruptos, funcionários de carreira da empresa, esquemas que vinham desde governos anteriores, provavelmente desde que a Petrobras foi criada?
Uma empresa gigantesca como esta envolve cifras estratosféricas de contratos, de sorte que qualquer um por cento com possibilidade de desvio faz brilhar os olhos de qualquer corrupto, seja do serviço público ou privado. Tratei do tema nesta crônica.
O que deve ser analisado, para fins de comparação entre sucessivos governos, é o que fez cada um para combater, para tentar evitar, para mitigar a incidência e punir os envolvidos. Foi com Lula que surgiu a Controladoria Geral da União, reduzida a quase nada pelo governo Temer. Foi com Lula, Tarso Genro e Márcio Tomaz Bastos que a Polícia Federal passou a agir contra servidores públicos, políticos, membros do Judiciário. Escrevi a respeito nesta crônica de 2013, no calor das jornadas de junho.
Bolsonaro surfou na onda antipetista e na promessa de renovação, mas entregou um governo tão caótico quanto os anteriores. Sob sua gestão, vimos uma condução desastrosa da pandemia, com negacionismo, desinformação e uma insistência infantil em atacar vacinas e medidas sanitárias.
Deusducéu… De novo a vã tentativa, vira-e-mexe experimentada pela mídia velha, essa que defende o poder econômico com unhas e dentes, de criar falsa simetria entre os governos petistas e Bolsonaro. Não dá nem para considerar a comparação do que foi o desastre absoluto do governo do hoje inelegível com qualquer outro, por caótico que possa ter sido, nem mesmo com o período Collor, ouso dizer, sequer com o do insosso, embora não menos desastroso, Michel Temer.
Enfim, os dados da realidade estão aí, já os mencionei acima, e cada qual que escolha o negacionismo que queira praticar.
Enquanto Lula e Bolsonaro se alternam no poder e polarizam a população, o Brasil segue estagnado. O debate político virou um Fla-Flu irracional, onde os erros são ignorados pelos próprios apoiadores e a idolatria substitui a crítica.
Lula e Bolsonaro “se alternam no poder” desde quando?
Lula foi presidente duas vezes, fez sua sucessora, que se reelegeu — sempre em disputa com o PSDB —, até que veio Bolsonaro, surfando numa onda antipetista que não explica tudo, eleito por forças ocultas-mais-que-conhecidas que puseram Lula na cadeia e o retiraram da eleição em que apontava como favorito e, na sequência, financiaram o espalhamento massivo de feiquinius (das mais bizarras, como o kit gay e a mamadeira erótica, a graves, como acusações de pedofilia) contra seu substituto de última hora, Fernando Haddad, e o reforço de uma oportuníssima feiqueada que humanizou o sujeito que pregava a favor de golpes, ditaduras, torturas e torturadores, e que vomitava preconceitos a torto e a direito, retirou-o dos temidos (por ele) debates e o tornou notícia a toda hora como o coitadinho, personagem que viria a reutilizar durante o governo sempre que questionado severamente por alguma grave diatribe ou acusação.
Bolsonaro hoje está inelegível e nada indica que essa polarização se repetirá no pleito do ano que vem. Não me parece plausível, portanto, falar-se em alternância entre um e outro por conta de uma única vez que Bolsonaro, por acidente histórico, chegou à presidência — por sinal, o único presidente da era pós-militarismo que não conseguiu se reeleger.
A polarização é própria de qualquer cenário político, senão porque em todo o tempo representará a dualidade entre forças políticas em disputa, como se deu com PT e PSDB por longo período num passado recente, ao menos porque numa eleição presidencial, no Brasil e creio que na maior parte do mundo, estarão sempre em disputa forças populares versus poder econômico. Esta é a real polarização. E o PT, presente como polo persistente no primeiro ou segundo lugares desde a primeira eleição presidencial de que participou, em 1989, representa e seguirá representando, queiram ou não os analistas políticos e adversários, as forças populares.
O Fla-Flu irracional é dado exatamente por quem, ao invés de se propor a um debate político pautado pelo destrinçamento das diferenças reais entre partidos, lideranças, interesses em jogo e formas de governar de cada qual, opta pelo reducionismo à falsa simetria que, no fundo, pretende mesmo é estigmatizar e desqualificar a atuação do Partido dos Trabalhadores e desmerecer-lhe a representação e as inegáveis conquistas.
Enquanto formos incapazes de protagonizar um debate político sério, estaremos fadados a reduzir tudo ao senso comum da idolatria e do financismo dos que insistem em lembrar que “eu pago meus impostos e vêm daí os meus direitos”. Nada mais equivocado.
Linques para as crônicas referidas no texto: